Total de visualizações de página

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Padres e Pastores evangélicos são os novos alvos dos cartéis mexicanos.

Padres e pastores evangélicos são os novos alvos dos cartéis mexicanos.
1. A ousadia da criminalidade organizada mexicana parece não ter fim. São cabeças cortadas e deixadas nas pistas de estradas movimentadas, jornalistas executados dentro de redações de jornais, chefes de polícia trucidados etc, etc, etc.
O presidente Felipe Caderón não sabe mais como prosseguir com a “guerra às drogas”, uma parceria com o então presidente George W. Bush que não conta com a aprovação de Barack Obama.
Para se ter idéia, até julho de 2010, a War on Drugs de Calderón contou 28 mil mortes. Mais de 70% das vítimas capitais não tinham nenhuma ligação com o tráfico de drogas ou qualquer outra atividade criminosa.
Hoje, um dramático comunicado conjunto foi divulgado pela Conferência Episcopal do México e da Fraternidade das Igrejas Evangélicas mexicanas. Ou seja, padres e pastores viraram alvos de sequestros para fim de extorsão. O preço do resgate é exigido do alto clero e dos dirigentes das igrejas evangélicas.
Fora isso, os cartéis exigem uma “taxa de permissão” (igual ao pizzo que a Cosa Nostra cobra dos empresários italianos na Sicília) para cultos e missas. Sem o pagamento (preço da extorsão), nada de celebrações. E os fiéis que enfrentam a proibição acabam por deixar as Igrejas debaixo de intenso tiroteio.
O comunicado conjunto cita casos concretos. Na província de Michoacan, por exemplo, os cartéis exigiram dinheiro para permitir a realização de uma tradicional festa religiosa. Em Tamaulipas, as missas foram suspensas para evitar promessas de ataques contra sacerdotes e fiéis.
2. Sem poder admitir o fracasso da War on Drugs, o presidente Calderón chama os mexicanos para um debate sobre legalização das drogas.
A iniciativa de Calderón decorre, também, do fato de o ex-presidente Vicente Fox ter passado a defender a legalização das drogas.
Como se percebe, Fox é um Fernando Henrique Cardoso à mexicana. Depois de deixar o poder, Fox lançou um discurso para obter palanque.
No dia 3 de agosto, Calderón falou da sua “disposição em iniciar um processo de discussão sobre a legalização das drogas”. Sem W. Bush a financiar a aventura chamada de War on Drugs, Calderón procura saídas. Até porque sabe que os cidadãos mexicanos, no começo do seu mandato favoráveis, já são contrários à guerra às drogas.
Na verdade, Calderón pretende abrir o debate para distrair os “eleitores”. No dia 9 de agosto, Calderón disse à rádio Caracol que a legalização poderia “incrementar o consumo entre os jovens”.
Ontem, em coletiva, Calderón voltou ao tema: “Eu não sou favorável à legalização. Se alguém quiser fazer uma análise detida, precisará colocar na balança as vantagens e as desvantagens de uma escolha como essa (referência à legalização)”.
Fox, o atual FHC mexicano, tem um plano para a legalização. Está no seu blog. Ele apresenta um projeto de legalização, produção, venda e distribuição de drogas. Sua meta é “bloquear o narcotráfico” pelos cartéis, evidentemente.
Calderón culpa o sistema federalista. Para ele, as polícias estaduais ficaram sujeitas ao poder corruptor dos cartéis. E isso, na sua visão, representaria um óbice para a efetiva repressão.
A direita mexicana reage à proposta de legalização apresentada por Fox.
A propósito de mudanças na área de segurança pública, Calderón quer criar um órgão coordenador de ações entre as polícias estaduais e a federal.
O chamado “Consejo Ciudadano para la Seguridad Publica y la Justicia Penal” e o “Movimiento Blanco” chamam a legalização de “cortina de fumaça”. “Uma cortina para esconder as causas principais da violência”, que para essas organizações não-governamentais, “seria a perda do monopólio da força por parte do Estado”.
Wálter Fanganiello Maierovitch

Nenhum comentário:

Postar um comentário