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domingo, 23 de janeiro de 2011

MOSSORÓ - CERCA DE 80% DAS DENÚNCIAS RELACIONADAS A REBELDIA DOS JOVENS ENVOLVEM O USO DE DROGAS

As drogas têm alcançado cada vez mais as crianças e jovens. Os entorpecentes chegam para elas com facilidade no próprio bairro onde vivem. De acordo com o responsável pelo Conselho Tutelar em Mossoró, Flávio Roberto, de todas as denúncias relacionadas à rebeldia, pelo menos em 80% dos casos o jovem está envolvido com as drogas. A ausência de mais políticas públicas para os jovens e para a família ainda tem um grande peso nessa estatística.
A constatação é surpreendente, mas entre os principais denunciantes dessa conduta dos jovens estão os próprios pais. "Quem mais denuncia é a própria família e em segundo lugar o Poder Judiciário, que encaminha ofícios com pedidos de acompanhamento dos casos", conta o conselheiro. Um dos pontos críticos de uso e tráfico de drogas em Mossoró é a favela do Tranquilim.
Flávio conta que para tentar intervir na situação, o órgão de proteção pediu ajuda à polícia para investigar. "Isso não acontece só lá, mas lá é um dos principais pontos. Os jovens estão de férias nessa época e não têm nada para fazer. Faltam atrativos para a juventude, não existem torneios de futebol, áreas de lazer. Algumas Organizações Não-Governamentais (ONGs) promovem alguns projetos sociais, mas sabemos que elas possuem limitações financeiras", destaca o responsável.
Os jovens buscam nas drogas a sensação de bem-estar para o corpo e também adrenalina. "O esporte seria uma alternativa para isso". Além da ausência de projetos promovidos pelo poder público que ocupem o tempo dos jovens, prevenindo o primeiro contato com as drogas, a família também precisa contribuir para mudar essa situação. "O adolescente precisa de acompanhamento familiar. Geralmente é o próprio contexto de vida que faz com que ele entre nas drogas".
E afirma que "na maioria das vezes, os pais só percebem isso tardiamente e o filho já está num estado muito avançado". Ele diz que os depoimentos dos adolescentes que chegam até o Conselho Tutelar demonstram bem essa realidade. "Um garoto de 13 anos contou que começou a usar drogas porque estava num dia de domingo em casa sem fazer nada. O pai estava bebendo. Os amigos o convidaram para sair e ofereceram maconha. Ele aceitou".
Além dessa história, Flávio relata diversos exemplos de descaso dos pais com os jovens. "Outro dia uma mãe contou que queria ficar com seu companheiro em casa namorando e por isso pediu que os filhos saíssem. Essa prática é uma brecha para os filhos caírem na tentação das drogas". Segundo dados do último relatório produzido pelo Conselho Tutelar no final de 2010, os casos de rebeldia estão entre os mais denunciados. Só em 2009 foram 45 casos, aumentando para 65 no ano passado.
"Boa parte dos jovens que entram nas drogas e, em seguida, passam por tratamento, acabam voltando para o vício", conclui o conselheiro. Ele justifica que programas como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e Violência (Proerd), da Polícia Militar, e os Núcleos de Operações Preventivas (NOPs), da Prefeitura Municipal de Mossoró, que atuam nas escolas ajudam bastante. Mas a falha continua sendo no âmbito familiar.
As crianças e adolescentes que chegam até o órgão por envolvimento com entorpecentes são encaminhados para o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Capes-AD), Desafio Jovem ou Fazenda da Esperança. "Os jovens recebem ajuda e orientações, mas quando voltam, a família ainda é a mesma, com os mesmos problemas. Os pais não procuram saber quando os filhos saem, com quem eles andam ou para onde vão".
O conselheiro defende que é necessário criar políticas públicas de acompanhamento à família para que ele também se integre nesse combate. Flávio Roberto informa que o conselho recebe denúncias através dos números 3315-4808 e 8122-4995, ou ainda através do Disque 100.


AUTOR: Jornal O Mossoroense.

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